ROSAS AZUIS

Quero um amor verdadeiro
Para comigo ficar
Que saiba consolar meu pranto
Sempre que triste eu ficar;
Que me cante uma canção
Ninando-me ao sabor do vento
Que interprete o meu olhar
E leia o meu pensamento.
Um amor enigmático
Que eu não saiba decifrar,
Mas que me conduza ao céu
Sempre que eu quiser sonhar;
Que ele surja no arrebol
E assim que a noite chegar
Vá buscar uma estrela
Para me presentear,
Que saiba evidenciar
Seu amor em verso e prosa
Que me leve a mergulhar
Num eterno mar de rosas.
Quero um amor criativo
Inusitado e surpreendente
Que me traga rosas azuis
E o candor do sol poente;
Que ele venha num cenário
Flamejante e envolvente
Junto a um raio de luar
Ou a uma estrela cadente.
Amor incognoscível
Envolto em vivaz melodia
Que me leve a viajar
Nas asas da poesia,
Amor que ultrapasse fronteiras
Que transcenda o imaginário
Apoteótico amor
Amor extraordinário!
Lourdes Neves Cúrcio
(Lourdes Neves Cúrcio)

Site: Mundo das Poesias
LouLourdes Neves CúrciordNeves Cúrcio

POEMA A BOCA FECHADA

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi:
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

(José de Alencar) 

NO CORAÇÃO DA POESIA


O ocaso não aconteceu naquele dia.
Minha face estampa medos meus.
De ver a criança louca que sorria.
Da fúria irredimível do louco Zeus.

A natureza está toda em desarmonia.
Ela cobra a conta desses fariseus.
Um mendigo de dentes podres sorria.
Do castigo irremediável de Deus.

Declamei sério no coração da poesia.
Pois guardarei todos os versos meus.
Para ninguém se esquecer deste dia
Em que o moderno foi para os museus.
E da esperança nova que a noite trazia.


Autor: (Amadeu Paes)
Site: 
Mundo das Poesias